A MEO, que é detida pela Altice Portugal, anunciou esta quinta-feira um novo programa de inovação baseado na quinta geração da rede móvel (5G), para explorar novos casos de uso em 5G.
O 5G API Sprint foi anunciado por José Pedro Nascimento, chief technology officer da Altice Portugal, na Web Summit, uma das maiores feiras de tecnologia da Europa que termina esta quinta-feira.
O novo programa, que é na prática um concurso, é um desafio colocado a empresas, startups e programadores para criarem protótipos ou redesenhar aplicações a partir de APIs (sigla para designar interfaces de programação de aplicações) standardizadas da telecom. Ou seja, as empresas apresentam uma proposta de desenvolvimento de um serviço ou aplicação e a MEO disponibliza, gratuitamente, definições e protocolos que estão na base de alguns serviços para que programadores e entidades interessadas possam criar as suas próprias soluções, funcionando como aceleradores na criação de serviços, preferencialmente, em áreas como segurança, robótica ou saúde, de acordo com o anunciado pela empresa.
Os participantes poderão aceder à chamada rede CAMARA, que está ligada a funcionalidades da rede móvel do operador, permitindo a utilização de aplicações e serviços a nível global e a sua integração na infraestrutura dos operadores que façam parte da GSMA Open Gateway Initiative, lançada em 2023 e que procura harmonizar aplicações e serviços entre os ecossistemas de telecomunicações e cloud, criando um universo de redes seguras e interoperáveis internacionalmente.
“A rede [da MEO] é um poço de informação. São milhões de aparelhos ligados, a informação que lá está é muito complexa, mas pode ser muito útil para desenvolver aplicações. E se essa informação for estruturada em forma de APIs, de modo aos programadores conseguirem usá-la sem estar a aceder ao que é a complexidade da rede, mas a conseguirem desenvolver em cima dela as suas aplicações ou redesenhar aplicações para outros ecossistemas, estaremos a explorar algo que não está a ser completamente explorado.
Portanto, este programa serve para incentivar as empresas e programadores a testar, a experimentar", explicou José Pedro Nascimento, chief technology officer, em resposta ao Diário de Notícias durante uma conferência de imprensa.
O gestor referiu que as APIs disponibilizadas têm sido usadas pela banca em contexto de segurança, mas que podem ser úteis para outros setores, "como indústria, robótica, publicidade, saúde e media".
"É uma questão de os programadores verem onde existe potencial", realçou.
As APIs disponibilizadas são: a SIM Swap, que permite verificar a ativação de um cartão SIM; Device Location Retrieval, que fornece a área de localização geográfica do cartão SIM; a Device Location Verification, que confirma se um cartão SIM está dentro de uma área específica; e o Quality on Demand, que ajusta a qualidade de serviço mediante a necessidade da aplicação ou do utilizador.
Como podem empresas, startups e programadores participar? Os interessados poderão submeter propostas a partir desta quinta-feira e até 11 de dezembro no site do programa. O concurso será restrito a 30 candidaturas, das quais serão selecionadas dez propostas. No final, há três ideias vencedoras que serão premiadas com um prémio de cinco mil euros, bilhetes para a edição de 2025 da Web Summit.
Questionado, José Pedro Nascimento admitiu que as propostas vencedoras possam estar disponíveis a todo o ecossistema tecnológico, incluindo operadores concorrentes. "As aplicações, que utilizam e monetizam as nossas APIs podem ser abertas a todos os que utilizem este ecossistema de APIs. Esse é objetivo, mas também pode haver modelos de negócio que nos interessem comercializar. Está em aberto", disse.
Por José Varela Rodrigues
Diário de Notícias