MEO Empresas Talks: Estão as empresas preparadas para a IA?

​​​O poder da IA nas empresas


A Inteligência Artificial (IA) está a transformar rapidamente o panorama empresarial, oferecendo novas oportunidades para aumentar a eficiência, reduzir custos e criar soluções inovadoras.


No entanto, juntamente com os seus benefícios, a IA também traz riscos significativos, como a automatização de preconceitos e a falta de supervisão humana, que podem levar a decisões injustas ou erradas.


As empresas precisam, por isso, de abordar estes desafios de forma estratégica, assegurando que a implementação da IA seja feita com responsabilidade e ética, para que possam aproveitar ao máximo as vantagens desta tecnologia revolucionária enquanto mitigam os seus potenciais riscos.

Mas como aproveitar ao máximo as vantagens da IA, ao mesmo tempo que controlam todos estes riscos? Foi este o mote da última MEO Empresas Talks, uma iniciativa em parceria com o ECO, na qual se expuseram os riscos, mas também todos os cuidados e vantagens associadas ao uso da IA.


Na abertura da conferência, Nuno Nunes, Chief Sales Officer B2B da Altice Portugal, começou por dizer que "aquilo que fazemos com o tempo é absolutamente decisivo para a competitividade das empresas portuguesas".


O CSO referiu, ainda, que a combinação da tecnologia com uma gestão eficiente do tempo pode proporcionar uma vantagem competitiva significativa ao reduzir custos e acelerar processos. "Estou certo de que a IA não será mais uma escolha, mas um must-have que fará parte da nossa sociedade", garantiu.


"Estou certo de que a IA não será mais uma escolha, mas um must-have que fará parte da nossa sociedade"
Nuno Nunes, Chief Sales Officer B2B da Altice Portugal


Como usar a IA e torná-la estratégica para as empresas


Depois do discurso inicial de Nuno Nunes, seguiu-se uma apresentação de Adolfo Mesquita Nunes, sócio da Pérez-Llorca, na qual contou um caso paradigmático, que aconteceu na Holanda, onde um sistema de identificação de fraudes fez com que 100 mil famílias fossem injustamente notificadas para devolverem subsídios de 30 mil euros, baseando-se em dados enviesados e sem supervisão humana adequada.


"A Autoridade Tributária havia criado um sistema de identificação de fraude para garantir que estes apoios eram bem atribuídos. A questão é que esse sistema tinha recebido algumas pistas para identificar a fraude, nomeadamente se as pessoas fossem imigrantes ou se tivessem duas nacionalidades para além da holandesa. E o que acontecia era que o algoritmo identificava, com base nisto, que a pessoa estava a cometer fraude e como a supervisão humana era tão fraca, quase ninguém investigava e as cartas saíam diretamente para as famílias, a quem exigiam que devolvessem o seu dinheiro", explicou.


O sócio da Pérez-Llorca deu este exemplo, que aconteceu em 2019, para ilustrar os perigos de uma IA mal implementada, ao mesmo tempo que enfatizou a necessidade de supervisão humana e responsabilidade: "Se a informação que nós colocamos nos sistemas e ferramentas de IA for de fraca qualidade, as decisões são de má qualidade. O meu ponto é que a IA não é um assunto de IT, ela é um assunto estratégico para qualquer empresa".


"Toda a gente está a vender IA, toda a gente quer comprar IA, mas cada empresa tem de perceber em que medida é que a utilização da IA faz ou não faz sentido nos seus processos"
Adolfo Mesquita Nunes, Sócio da Pérez-Llorca


Low-code pode ajudar na adaptação


A conferência terminou com uma mesa-redonda, na qual Adolfo Mesquita Nunes voltou a frisar que a adoção de IA deve ser feita com cautela e ética. "Toda a gente está a vender IA, toda a gente quer comprar IA, mas cada empresa tem de perceber em que medida é que a utilização da IA faz ou não faz sentido nos seus processos", afirmou.


Além disso, destacou também a importância de se fazer um mapeamento detalhado de todas as aplicações de IA dentro das empresas para evitar riscos reputacionais e discriminação.


Ainda na mesa redonda, Jorge Sousa, responsável pela área de Business Communication na Altice Labs, apresentou a BOTSchool, uma plataforma de democratização da tecnologia IA para empresas, focada na comunicação entre a empresa e os seus clientes. "A BOTSchool pretende ser uma plataforma de democratização do acesso deste tipo de tecnologias ao tecido empresarial", explicou.


O responsável da Altice Labs realçou que a plataforma utiliza uma interface low code, o que facilita o uso por pessoas sem conhecimentos técnicos avançados.


"A BOTSchool pretende ser uma plataforma de democratização do acesso deste tipo de tecnologias ao tecido empresarial"
Jorge Sousa, Responsável pela área de Business Communication na Altice Labs


A IA na indústria automóvel e os requisitos éticos


Neste ponto, Miguel Pinto, Managing Director da Continental Advanced Antenna Portugal, abordou a aplicação da IA no setor automóvel, tanto na produção interna como no desenvolvimento de produtos. "Nós trabalhamos para a indústria automóvel e todos sabemos que ela está a sofrer um processo disruptivo", comentou. Esse processo, considera, além de melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos, também aumenta a segurança dos carros autónomos ao prever, por exemplo, movimentos de peões na estrada.


Durante a discussão, foi unânime a opinião de que as empresas devem investir na formação e preparação dos seus quadros para a utilização ética e eficaz da IA. Dentro dos requisitos éticos apresentados estavam a supervisão humana, a transparência, a diversidade, a não discriminação, a segurança técnica, o bem-estar social e ambiental, a privacidade e a gestão de dados.


Apesar do ênfase aos riscos associados ao uso da IA, esta MEO Talks reforçou a importância de se inserir a IA nas empresas, não só como uma ferramenta tecnológica, mas como um componente estratégico essencial.


"Nós trabalhamos para a indústria automóvel e todos sabemos que ela está a sofrer um processo disruptivo"
Miguel Pinto, Managing Director da Continental Advanced Antenna Portugal


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