A GESBA e a Altice Labs desenvolvem 'BAnana SEnsing' | MEO Empresas

A GESBA e a Altice Labs desenvolvem 'BAnana SEnsing'

​​A agricultura madeirense está a dar um novo e decisivo passo na inovação com recurso às novas tecnologias, para se tornar mais precisa, eficiente, de melhor qualidade e mais rentável. Isto, no caso específico da banana.

A GESBA desenvolveu um projeto, denominado 'Agricultura de Precisão para o Cultivo da Banana - BAnana SEnsing (BASE), que entre outros objetivos, pretende 'medir' a quantidade de água e de nutrientes que a planta precisa, bem como calcular o tempo certo para proceder ao corte do cacho. É a tecnologia e a inteligência artificial a colabora rem com os humanos neste setor tradicional, em prol da eficiência dos recursos e gestão da produção.

Com o desenrolar do projeto - que entrará numa segunda fase depois de aprovados novos fundos comunitários, para os quais estão já a ser preparadas as candidaturas - será possível prever a quantidade de fruto que será produzido num determinado período, o que irá ajudar a GESBA a agilizar recursos humanos e materiais para a gestão dos stocks de banana.

O BASE tem por objetivo "analisar. de forma exaustiva", todo o ciclo produtivo da banana, recorrendo à colocação de sensores nas produções e estudos agronómicos-piloto, que permitem recolher e validar informação, transmitida para uma plataforma centralizada de dados, posteriormente analisados e utilizados no acompanhamento e otimização da produção e monitorização da sua qualidade.

Este desiderato da Empresa de Gestão do Sector da Banana da Madeira tem sido alcançado em parceria com a Altice Labs, que desenvolveu a tecnologia para este fim.

O Jornal foi conhecer o BASE no Centro de Banana da Madeira - BAM, com a s explicações de Diana Costa, diretora de Qualidade da GESBA e de Filipe Freitas, engenheiro informático da Altice Labs.

A GESBA conta com outros parceiros, como é o caso da Universidade da Madeira, que procedeu aos estudos de todo o ciclo produtivo da planta e perceber todas as dinâmicas de crescimento, cujos dados foram processados por uma plataforma criada pela Altice Labs, para esse fim. Conta também com a ARDITI, que desenvolveu tecnologia baseada na Inteligência Artificial para saber qual o momento certo para o corte do cacho da bananeira.

Foi assim explorada a componente de Inteligência Artificial/'Machine Learning’ para o projeto, com algoritmos de correlação entre os parâmetros dos sensores de solo, planta e estação meteorológica, ex plicaram os responsáveis. "Neste momento, o grau de precisão é de 84%". afirmou Filipe Freitas, comentando que o grau mais alto alcançado por especialistas 'a olho nu' no setor foi de 87%.

Este projeto, iniciado pela GESBA e parceiros no dia 1 de junho de 2021 e concluído nodia30dejunho deste ano, no que se refere à primei a fase, está a ser desenvolvido no Centro da Banana da Madeira (BAM) e no Centro de Processamento da Ponta do Sol, onde foram montados junto às bananeiras sensores, estação meteorológica e unidades de comunicação 'Libelium'.

A primeira fase representou um investimento de 552.541 euros, suportados por fundos comunitários ao nível do PRODERAM. Desse montante, 55.254 euros foram de autofinanciamento regional. As entidades envolvidas no projeto serão as mesmas na segunda fase, que deverá ter também a duração de três anos.

Diana Corte e Filipe Freitas sublinharam que o impacto deste projeto será sentido no incremento da comercialização do produto banana, traduzido numa melhoria da sua qualidade e numa diminuição da sua sazonalidade. Será ainda garantido que a produção, ao contrário do que se faz atualmente, "em que dois terços da produção está centrada nos meses de verão, passará também a ter um peso importante ao longo de todo o ano".

Acresce a mais-valia de atrair agricultores jovens para esta produção, dada a sua modernização e o controlo de vários parâmetros através do telemóvel, por exemplo.

Filipe Freitas acrescentou que a estação é composta por vários elementos, desde a vertente energética com painéis fotovoltaicos, uma central que recebe toda a informação dos sensores que medem dados meteorológicos como humidade, temperatura e luminosidade. Há ainda os sensores mpk', no solo da bananeira que permitem dar a conhecer alguns dos nutrientes da bananeira, e, dessa forma interferir ao nível da quantidade de fertilizantes necessários.

Todos esses dados são enviados para a plataforma da Altice, denominada 'LIVE! Green', que podem ser trabalhados e monitorizados pela GESBA. "Podemos inferir, tirar conclusões e aplicar alguns algoritmos de inteligência artificial, fazendo prever o crescimento e maturação da banana", acrescentou Filipe Freitas.

Informações que ganham maior importância quando se fala na necessidade de racionar o consumo da água e as alterações climáticas. "Com os sensores, conseguimos essas duas valências, no caso da água quando devemos regar e se estamos ou não a regar em excesso, e estamos a gastar um recurso hídrico sem necessidade. No caso dos outros sensores, de analisam o azoto, fósforo, potássio, por exemplo, permitem o uso racional de fertilizantes".

O que significa que a qualidade do fruto é também melhorada, bem como a produtividade e rendimento do agricultor. "O que se pretende também é em pequenas parcelas como as que temos na Madeira ti raro melhor rendimento", afirmou Diana Corte.

Atrair novos agricultores pela via tecnológica

Entre outras missões, o projeto BASE quer atrair jovens para a agricultura. "Os jovens estão muito mais ligados a estas novas tecnologias e, dando o salto da aplicação criada para uma plataforma aplicada a um telemóvel, os agricultores poderão acompanhar os dados dos sensores e estação montadas nas produções.
Segundo Filipe Freitas, "a ideia é desenvolver uma espécie de kit para o agricultor, em que o próprio, com o seu telemóvel e um conjunto de sensores que pode instalar na sua produção, perceber a evolução da maturação da banana e também adequar os níveis de água e de fertilizantes que tem de deitar no seu terreno".​​​​

Por Paula Abreu
paulaabreu@jm-madeira.pt